sexta-feira, 18 de junho de 2010

Uma História que presenciei.

Irei escrever algumas histórias que vivi ou que presenciei, pra que eu mesmo não esqueça delas (tenho esse defeito - minha memória só lembra o que ela quer, tem vontade própria)ou para servir de exemplo ou entretenimento pra mais alguém.
Sou funcionário publico, segurança publica, então imaginem o tipo de coisas que presencio ou que vivo, mas essa historia não é sobre mim, é sobre um jovem que conheci em um atendimento de ocorrência.
Recebemos a informação de que havia um homem de roupas escuras tentando entrar em uma casa em um bairro de classe média, já eram quase 03:00 da manha. Imaginei que poderia ser uma tentativa de furto, mas ao chegar no local encontrei um homem sentado na calçada encostado no muro da casa.
- LEVANTA !!! COLOQUE SUAS MÃOS NA CABEÇA E VIRE DE COSTA PRA MIM !!!
Era um garoto de 19 anos, tinha os olhos vermelhos de chorar e aparentava bastante nervosismo.
- O que você faz por aqui ?
- Nada, já estou indo embora.
- Onde mora ?
- Aqui mesmo no bairro.
Eu tinha certeza que aquilo não era normal e chamei o morador da casa em que ele estava em frente.
Saiu um senhor de aproximadamente 50 anos que disse não conhecer o rapaz.
Mas o garoto ficou muito tenso ao ver o senhor e aparentava querer fazer algo.
- Você conhece este homem ? perguntei ao garoto.
- Sim.
- O que você ia fazer o que com esse homem ? ia furtá-lo ?
- Não! preciso falar com ele.
- Carlos, você não se lembra de mim ? Sou o Marcos, filho da Joana, trabalhei pra você uns 5 anos atrás. Preciso  falar com você.
O senhor Carlos me informou que conhecia  Marcos, mas que faziam muitos anos que não o via e que não sabia o motivo dele estar em frente à sua casa, e voltando para o interior de sua casa disse que se o Marcos quisesse falar com ele era pra voltar durante o dia.
- Fala Marcos, o que está acontecendo ?
- Eu vou morrer...
- Como assim ?
- Estou com câncer, em estado avançado, não sei nem como estou aqui. Precisava pedir desculpas pra ele.
- Desculpas pelo que?
- Quando eu trabalhava pra ele furtei um alicate que ele esqueceu na obra. Não quero morrer sabendo que fiz mal pra alguém...
- Volte aqui mais tarde, pra conversar com ele.
- Vou voltar.
- Quer carona até sua casa ?
- Não.
Foi andando e nos cumprimentou com um aceno de mão quando passamos por ele.
Fico pensando " O que será que aconteceu com esse garoto ?"
Talvez eu nunca saiba, mas sempre procuro por ele quando estou naquele bairro.